Profissionais podem ser autônomos ou atuar em emissoras de TV e produtoras
Luz, câmera, ação e edição. Pouca gente sabe, mas a produção de um vídeo publicitário, um filme de cinema, uma série de TV ou mesmo um programa jornalístico, vai muito além da captura da imagem. Por trás do resultado final está o trabalho de um profissional, cada vez mais versátil: o editor de vídeo. Isto porque com a chegada de novos softwares ao mercado nos últimos anos, que deixaram em segundo plano a parte técnica e difícil da coisa, o profissional da área passou a agregar outras funções.
No entanto, embora saber lidar hoje com aplicativos, como o Final Cut, já seja meio caminho andado para entrar nesse mercado, não é o bastante. Por ser um mercado que trabalha com excelência, quem não possui o mínimo de conceituação teórica da função – não sabe, por exemplo, definir qual corte ou efeito mais propício para determinado trabalho –, não consegue ultrapassar o amadorismo. É o que conta o profissional da área, Gustavo Cascon.
“Me formei em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1988 e trabalho profissionalmente com edição de vídeo desde 1989. Naquela época ela ainda não era feita em computador, e sim em moviolas (equipamentos de montagem cinematográfica ou mesa de montagem). Nem precisa dizer que mudou muito de lá para cá. As novas tecnologias tornaram tudo mais fácil. Hoje com o barateamento e a popularização da informática cada vez mais pessoas têm acesso a esse meio. As redes sociais estão aí para provar isso, quem nunca colocou ou assistiu a um vídeo ‘caseiro’ na internet? Mas uma coisa permanece e é o que diferencia um profissional de um amador: a base conceitual, que é o que vai dar qualidade ao trabalho”, afirma Cascon, que é professor de audiovisual (roteiro, direção e edição) do projeto Oi Kabum! e roteirista de uma grande emissora de TV carioca.
“Não basta apenas dominar a técnica, é preciso bom gosto, capacidade e talento”, sustenta, para em seguida revelar passos essenciais para quem pretende seguir carreira e se destacar na profissão.
“Viver dessa função requer muita dedicação. Quem não se dedica, se recicla e conhece novas técnicas não se firma no mercado. Antes um profissional de vídeo só montava os filmes, hoje ele não só define onde e como será o corte, como também opera a mesa, faz inserções gráficas, animações. Logo, aprender a usar bem a máquina é importante, mas possuir uma boa bagagem cultural, assistir a muitos filmes, ir ao cinema, ter um olhar mais técnico do que se vê é fundamental para um bom trabalho”, reitera.
“Cabe lembrar ainda que editar demanda tempo, por isso quem entra nessa com dúvidas, sem ter certeza do que realmente gosta, corre o risco de desistir no meio do caminho”, observa.
Certeza, contudo, é o que não falta para o jovem Marcelo Moura, de 20 anos, um dos alunos da Escola de Arte e Tecnologia Oi Kabum!. Morador da Rocinha, em São Conrado, ele não teve dúvidas do que queria quando ouviu falar do projeto – uma parceria entre o Oi Futuro e o Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip) –, que capacita, através de cursos gratuitos, jovens de baixa renda, entre 16 e 21 anos, para atuarem no mercado audiovisual.
“Já trabalhava com áudio, fazendo sonorização de ambientes e decidi que queria mexer com vídeo também. Então fiquei sabendo desse projeto e me inscrevi”, conta Marcelo, que antes mesmo de concluir o curso – sua turma tem formação prevista para março –, já conseguiu um emprego na área.
“Estou trabalhando numa produtora como editor e quero continuar me especializando”.
Rendimento – A remuneração pode variar de acordo com o trabalho. O rendimento de um editor de longa, média e curta-metragens, por exemplo, é de R$ 1.698,11 por semana, de acordo com a tabela da última convenção coletiva do Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do audiovisual (Stic). Já para atuar em filmes e VTs publicitários, o piso salarial de um editor/montador é de R$ 1.487,88 (filmes) ou R$ 704,49 (VTs) a diária; e o de um assistente de edição, R$ 929,93 (filmes) ou R$ 440,29 (VTs) a diária.
Já freelancers ou autônomos têm liberdade de negociação, podendo cobrar de R$ 200 a R$ 700 a hora ou diária – isso vai depender de cada profissional, do tipo do trabalho.
Esse é o caso do jornalista e videomaker George Humberto, de 32, dono da produtora Freak.Vídeo, em São Francisco. Ele atua na edição e finalização de vídeos institucionais para empresas e vídeo-releases para artistas.
“Como trabalho sozinho, prefiro pegar apenas essa etapa de pós-produção. O cliente já chega com o material bruto e, a partir dele, faço o orçamento. Cobro em média R$ 300 a diária, mas esse valor pode chegar a R$ 700 dependendo da demanda”, conta.
Para quem pretende trabalhar como autônomo, George dá as dicas.
“É preciso esforço, perseverança e paciência, pois editar demanda tempo. Além disso, conseguir clientela não é fácil, você precisa mostrar um bom trabalho e conquistar a confiança do mercado”, diz.
Concurso – Além de ser contratado por algum núcleo de uma grande empresa, uma emissora de TV (e vale ressaltar aqui a ascensão da TV Digital para o surgimento de novas oportunidades), produtoras, atuar como freelancer, editando documentários, vídeos institucionais, publicitários, casamentos e aniversários, quem opta pela profissão de editor de vídeo tem ainda a opção de prestar concurso público. Embora a possibilidade seja remota, ela existe e é preciso estar atento às vagas.
O técnico em audiovisual Henrique Genovesi Neves de Barros, de 41, foi um dos que não deixaram passar essa oportunidade, e hoje trabalha como concursado na Casa da Ciência – Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), situado em Botafogo.
“Fiz o concurso em 2009, havia quatro vagas e passei. Comecei a exercer a função em fevereiro deste ano e atuo basicamente editando vídeos documentários para as exposições”, explica.
Segundo ele, a remuneração inicial do cargo é de R$ 1,5 mil mais benefícios.
Início – Começar uma carreira no mercado de vídeo requer, como em qualquer outra profissão, buscar em primeiro lugar uma especialização. Conheça alguns cursos na área:
• Ateliê da Imagem - Edição de Vídeo: www.ateliedaimagem.com.br / 2244- 5660.
• Escola de Cinema Darcy Ribeiro: www.escoladarcyribeiro.org.br / 2233-0224.
• Escola de Arte e Tecnologia Oi Kabum!: 3201-3002.
• UFF – Graduação em Cinema e Audiovisual: ingresso por meio de vestibular. Para mais informações consulte o site www.uff.br ou envie um e-mail para gcv@vm.uff.br.
Luz, câmera, ação e edição. Pouca gente sabe, mas a produção de um vídeo publicitário, um filme de cinema, uma série de TV ou mesmo um programa jornalístico, vai muito além da captura da imagem. Por trás do resultado final está o trabalho de um profissional, cada vez mais versátil: o editor de vídeo. Isto porque com a chegada de novos softwares ao mercado nos últimos anos, que deixaram em segundo plano a parte técnica e difícil da coisa, o profissional da área passou a agregar outras funções.
No entanto, embora saber lidar hoje com aplicativos, como o Final Cut, já seja meio caminho andado para entrar nesse mercado, não é o bastante. Por ser um mercado que trabalha com excelência, quem não possui o mínimo de conceituação teórica da função – não sabe, por exemplo, definir qual corte ou efeito mais propício para determinado trabalho –, não consegue ultrapassar o amadorismo. É o que conta o profissional da área, Gustavo Cascon.
“Me formei em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1988 e trabalho profissionalmente com edição de vídeo desde 1989. Naquela época ela ainda não era feita em computador, e sim em moviolas (equipamentos de montagem cinematográfica ou mesa de montagem). Nem precisa dizer que mudou muito de lá para cá. As novas tecnologias tornaram tudo mais fácil. Hoje com o barateamento e a popularização da informática cada vez mais pessoas têm acesso a esse meio. As redes sociais estão aí para provar isso, quem nunca colocou ou assistiu a um vídeo ‘caseiro’ na internet? Mas uma coisa permanece e é o que diferencia um profissional de um amador: a base conceitual, que é o que vai dar qualidade ao trabalho”, afirma Cascon, que é professor de audiovisual (roteiro, direção e edição) do projeto Oi Kabum! e roteirista de uma grande emissora de TV carioca.
“Não basta apenas dominar a técnica, é preciso bom gosto, capacidade e talento”, sustenta, para em seguida revelar passos essenciais para quem pretende seguir carreira e se destacar na profissão.
“Viver dessa função requer muita dedicação. Quem não se dedica, se recicla e conhece novas técnicas não se firma no mercado. Antes um profissional de vídeo só montava os filmes, hoje ele não só define onde e como será o corte, como também opera a mesa, faz inserções gráficas, animações. Logo, aprender a usar bem a máquina é importante, mas possuir uma boa bagagem cultural, assistir a muitos filmes, ir ao cinema, ter um olhar mais técnico do que se vê é fundamental para um bom trabalho”, reitera.
“Cabe lembrar ainda que editar demanda tempo, por isso quem entra nessa com dúvidas, sem ter certeza do que realmente gosta, corre o risco de desistir no meio do caminho”, observa.
Certeza, contudo, é o que não falta para o jovem Marcelo Moura, de 20 anos, um dos alunos da Escola de Arte e Tecnologia Oi Kabum!. Morador da Rocinha, em São Conrado, ele não teve dúvidas do que queria quando ouviu falar do projeto – uma parceria entre o Oi Futuro e o Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip) –, que capacita, através de cursos gratuitos, jovens de baixa renda, entre 16 e 21 anos, para atuarem no mercado audiovisual.
“Já trabalhava com áudio, fazendo sonorização de ambientes e decidi que queria mexer com vídeo também. Então fiquei sabendo desse projeto e me inscrevi”, conta Marcelo, que antes mesmo de concluir o curso – sua turma tem formação prevista para março –, já conseguiu um emprego na área.
“Estou trabalhando numa produtora como editor e quero continuar me especializando”.
Rendimento – A remuneração pode variar de acordo com o trabalho. O rendimento de um editor de longa, média e curta-metragens, por exemplo, é de R$ 1.698,11 por semana, de acordo com a tabela da última convenção coletiva do Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do audiovisual (Stic). Já para atuar em filmes e VTs publicitários, o piso salarial de um editor/montador é de R$ 1.487,88 (filmes) ou R$ 704,49 (VTs) a diária; e o de um assistente de edição, R$ 929,93 (filmes) ou R$ 440,29 (VTs) a diária.
Já freelancers ou autônomos têm liberdade de negociação, podendo cobrar de R$ 200 a R$ 700 a hora ou diária – isso vai depender de cada profissional, do tipo do trabalho.
Esse é o caso do jornalista e videomaker George Humberto, de 32, dono da produtora Freak.Vídeo, em São Francisco. Ele atua na edição e finalização de vídeos institucionais para empresas e vídeo-releases para artistas.
“Como trabalho sozinho, prefiro pegar apenas essa etapa de pós-produção. O cliente já chega com o material bruto e, a partir dele, faço o orçamento. Cobro em média R$ 300 a diária, mas esse valor pode chegar a R$ 700 dependendo da demanda”, conta.
Para quem pretende trabalhar como autônomo, George dá as dicas.
“É preciso esforço, perseverança e paciência, pois editar demanda tempo. Além disso, conseguir clientela não é fácil, você precisa mostrar um bom trabalho e conquistar a confiança do mercado”, diz.
Concurso – Além de ser contratado por algum núcleo de uma grande empresa, uma emissora de TV (e vale ressaltar aqui a ascensão da TV Digital para o surgimento de novas oportunidades), produtoras, atuar como freelancer, editando documentários, vídeos institucionais, publicitários, casamentos e aniversários, quem opta pela profissão de editor de vídeo tem ainda a opção de prestar concurso público. Embora a possibilidade seja remota, ela existe e é preciso estar atento às vagas.
O técnico em audiovisual Henrique Genovesi Neves de Barros, de 41, foi um dos que não deixaram passar essa oportunidade, e hoje trabalha como concursado na Casa da Ciência – Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), situado em Botafogo.
“Fiz o concurso em 2009, havia quatro vagas e passei. Comecei a exercer a função em fevereiro deste ano e atuo basicamente editando vídeos documentários para as exposições”, explica.
Segundo ele, a remuneração inicial do cargo é de R$ 1,5 mil mais benefícios.
Início – Começar uma carreira no mercado de vídeo requer, como em qualquer outra profissão, buscar em primeiro lugar uma especialização. Conheça alguns cursos na área:
• Ateliê da Imagem - Edição de Vídeo: www.ateliedaimagem.com.br / 2244- 5660.
• Escola de Cinema Darcy Ribeiro: www.escoladarcyribeiro.org.br / 2233-0224.
• Escola de Arte e Tecnologia Oi Kabum!: 3201-3002.
• UFF – Graduação em Cinema e Audiovisual: ingresso por meio de vestibular. Para mais informações consulte o site www.uff.br ou envie um e-mail para gcv@vm.uff.br.
